segunda-feira, 9 de setembro de 2013


Revista do Esporte – Janeiro de 1955

**Matéria original**


Acabamos com o tabu dos Gracie

A declaração é de Osvaldo Fadda, o qual afirma que o Jiu-Jitsu não é propriedade ninguém.


“É preciso existir um Fada para mostrar que o Jiu-Jitsu não é privilégio dos Gracie”

- Se outros méritos não tivéssemos, poderíamos bater no peito e gritar aos quatro ventos: nós acabamos com o tabu dos Gracie ! – Osvaldo Fada, que está dentro do Jiu-Jitsu há mais de 20 anos, é, talvez, o único Professor França Filho, que tinha sido no Rio, que jamais recebeu ensinamentos dos Gracie ou de qualquer aluno destes. Aprendeu na Marinha, com o Professor França Filho, que tinha sido pupilo do famoso Conde Koma (mestre dos Gracie).

Começando em 1937, cinco anos depois, Fada conseguiu sua faixa preta, passando, desde então, a lecionar a um grupo de amigos no subúrbio de Bento Ribeiro, onde acabou fundando sua própria Academia, (agora Matriz) que até hoje continua em franca atividade. Fada retoma o fio da meada para justificar as suas primeiras declarações à R.E. :

- Quero deixar claro que estas minhas palavras não têm o propósito de diminuir em nada aqueles senhores. Absolutamente. Refiro-me apenas ao mito que existia, segundo o qual os Gracie ou seus alunos eram invencíveis.

A conversa é interrompida pelo professor “Chandú”, que passa às mãos de nosso entrevistado um livro de registros. Chandu foi o primeiro aluno de Fadda. Fazia parte do grupo de seus amigos que recebeu a primeira aula, em 1942. Atualmente é responsável pela matriz da Rua São João Vicente, 1191, enquanto a filial (localizada na Avenida Suburbana, 10.033, em Cascadura) é dirigida por Humberto Fadda, irmão de Osvaldo. Depois de ligeira consulta ao livro continua a narrativa:

- Em 1954 levei uma equipe para competir dentro da Academia Gracie. Era a primeira vez que uma Escola mostrava a “ousadia” de ir até lá com tal finalidade. Estava, portanto, quebrado o velho tabu. O comportamento de nossos alunos obrigou Hélio Gracie a um elogio público. Dizendo-se surpreendido com o nível técnico da Academia Fada, Hélio deu parabéns ao subúrbio carioca. Estava provado que o Jiu-Jitsu não é exclusividade de ninguém. Nosso aluno José Guimarães havia deixado desacordado um rapaz de nome Leônidas, dos Gracie. “É preciso existir um Fada para mostrar que o Jiu-Jitsu não é privilégio dos Gracie”, disse ele.

Mais de dois mil alunos já passaram pela Academia Fada. A condição primordial para obter-se matrícula na escola é nunca ter estudado Jiu-Jitsu. Explica Fadda esse detalhe:

- Tenho um método próprio e por isso prefiro ensinar àqueles que são completamente leigos no assunto. Para mim, muita coisa que se vê por aí não passa de defeito, de vício, o que muito dificulta o nosso trabalho. Entendo que é muito mais fácil ensinar a quem nada sabe do que ter que tirar primeiro vícios e defeitos para depois aplicar o método e regras da Academia Fada. Sempre agimos assim e não temos do que nos arrepender. Hoje temos ex-alunos em muitas Academias da cidade. Ao invés de recebermos atletas das outras escolas, fornecemos.

Osvaldo Fada dispensa atualmente especial carinho aos alunos fisicamente defeituosos ou mutilados. O seu trabalho de recuperação é um fato comprovado e pode ser atestado sem citar outros nomes, com as “performances” de “Torpedo” (não possui as duas pernas) e “Aranha” (membros inferiores completamente atrofiados), ambos já conhecidos do público. Nesse setor, o Jiu-Jitsu de Fada tem feito verdadeiros milagres.

- Para a paralisia, o remédio é Jiu-Jitsu. Posso provar isso por A mais B. Ivan Ferraz, jovem e bastante desanimado, chegou lá na Academia sem poder sustentar na mão um peso de 100 gramas. Hoje luta igual para igual com qualquer adversário de sua categoria.

Nosso entrevistado, que é, também, instrutor na Vila Militar, lecionando Jiu-Jitsu aos oficiais, sargentos e cabos do G.U.E.S., ao ser perguntado sobre a diferença de Judô e Jiu-Jitsu, responde:

- Vivo do Jiu-Jitsu, o qual, para mim, é uma religião, mas admiro o Judô. Só não admiro seus maus praticantes, como os maus praticantes de qualquer esporte, porque todo esporte é bom, útil e bonito, quando praticado por atletas verdadeiros. Quanto a Judô e Jiu-Jitsu , só vejo diferença nas regras.

Créditos:
Mestre, Deoclécio, aluno do Mestre Fadda 
9º Grau.

Editado:
André Vianna 
6º grau., Aluno do Mestre Fadda e Mestre Chandú
ookamibjj@gmail.com - 21 98245-2772 whatsapp
https://linktr.ee/jiujitsubjj
#ookamibjj #jiujitsubjj #jjbjjoficial


Nenhum comentário:

Postar um comentário